segunda-feira, 15 de junho de 2020

Agentes de Saúde na linha de frente do covid19

 Estamos vivendo momento difícil para a saúde mundial. O surgimento da mais nova pandemia, no final de 2019 na China trouxe transformações sociais drásticas na vida de todos os cidadãos.

     No Brasil essa realidade não é diferente, desde o primeiro caso confirmado em fevereiro de 2020 até o momento vem nos colocando em alerta e nos fazendo questionar sobre a melhor maneira para enfrentar o mais novo inimigo invisível da atualidade.

 "A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em 30 de janeiro de 2020, que o surto da doença causada pelo novo coronavírus (COVID-19) constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional – o mais alto nível de alerta da Organização, conforme previsto no Regulamento Sanitário Internacional. Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia."¹



  As primeiras medidas foram tomadas no enfrentamento do Covid 19(nome dado a doença causada pelo novo Coronavirus), a busca por soluções imediatas eram necessários.

  Sendo assim, a principal orientação dos órgãos de saúde era do Isolamento social, o mínimo contato possível com pessoas. A orientação de ficar em casa, apenas o contato com familiares que residem sobre o mesmo teto, evitando fluxo de pessoas nas ruas, comércios, indústrias, festas, parques, praças evitando o máximo de aglomeração, tumulto e grande fluxo. Por se tratar de um vírus com alta taxa de contaminação, por vias aéreas, ao levar a mão contaminada na boca, nariz e olhos e outras secreções corpóreas.

  A efetividade do distanciamento social por meio do Isolamento é comprovada, países que adotaram a prática como a Nova Zelândia teve um dos menores índices de contaminação, achatando a curva do contágio, decretando a erradicação da contaminação.

  Por estarmos vivendo em um país em que um dos principais fatores da baixa adesão ao isolamento é a desigualdade social, o subemprego obriga que a população, principalmente da periferia tenha que trabalhar, muitas das vezes, informalmente, pois o índice de desemprego a cada ano que passa é maior. Outros fatores como, a corrupção,  a desvalorização salarial, principalmente dos servidores públicos, a péssima gestão governamental,a manutenção dos privilégios da classe política, cortes de gastos em políticas públicas essenciais como a Saúde, Educação e Assistente, entre vários fatores que obrigam que a população tenha que se submeter a o trabalho para trazer o sustento da sua família.

  Algumas medidas estão sendo tomadas para o aumento do distanciamento social e diminuição do contágio do Corona virus, principalmente por prefeitos e governadores, a aprovação de medidas de auxílio financeiro emergencial por parte do governo federal medida para subsidiar como ajuda temporária de renda para autônomos, micro empresarios individuais( MEI), beneficiários do bolsa família, mulheres que sustentam suas famílias sozinhas. Embora a medida tenha falhas, foi uma maneira de minimizar os impactos financeiros da pandemia para esses cidadãos .

A suspensão das aulas do ensino básico e superior, fechamento de comércios e outros serviços apenas serviços essenciais. A obrigatoriedade do uso de máscaras em locais públicos, conscientização para a lavagem das mãos e o uso de álcool gel 70%, na impossibilidade de lavar as mãos, foram medidas adotadas em decretos municipais e estaduais no Brasil, e estado de Emergência em Saúde.

  Alguns locais teve o afrouxamento de medidas de isolamento, consequentemente aumentando o número de casos, inclusive alguns dos governantes chamando mobilização, incentivando medidas que vão contra as orientações dos profissionais de saúde, ocasionando a divisão e diferenças de opinião.

  Com tudo isso vimos a importância da saúde preventiva na diminuição e erradicação do contágio por meio do Isolamento social, lavagem das mãos ou uso do álcool gel e uso de máscaras, práticas que faz da prevenção à melhor maneira de parar a propagação do contágio.

 Sabemos que o Agente Comunitário de Saúde ( ACS) é um dos profissionais responsável pela saúde preventiva e promocional no Brasil. Está diretamente ligado à comunidade em que mora e trabalha. Conhece cada peculiaridade, cada indivíduo e os fatores de agravo de uma contaminação pelo Covid 19. Por visitar mensalmente cada família, sabendo onde está o público alvo para um possível agravamento da doença, aqueles que possuem as comorbidades( hipertensão arterial, diabetes, tuberculose, asma, doenças  cardíacas,pessoas acima de 60 anos, gestantes, puerpérias, recém nascidos,entre outros). Podendo assim identificar possíveis contaminados e aqueles que devem ter um cuidado maior.

  Sem dúvidas o ACS tem um papel importante na prevenção e identificação de possíveis casos da covid 19. Mas como seres humanos, trabalhadores que vivem uma realidade bem complicada, pouca valorização profissional, baixos salários, indiferença profissional, realidade essa vivida pela maioria dos trabalhadores brasileiros.

  A enfrentar o Coronavirus de frente, vivemos uma grande incerteza. Não se tem EPI(Equipamentos de proteção individual) necessário para fazer um bom atendimento, não possuem testes suficientes para todos os profissionais, apenas aqueles que estão com sintomas gripais, porém são profissionais que estão diariamente em contato com a população, atuam diretamente com a comunidade, em caso de contaminação até descobrir que Se está contaminado, quantas pessoas podem ser contaminadas por estar em contato direto com o ACS.   Como levar a prevenção se não se tem subsídio necessário para se prevenir contra ela? Como falar em isolamento, EPIs, testagem se o próprio profissional não tem possibilidade disso? Como notificar possíveis casos se o retorno ao profissional é burocrático e demorado?

  O risco do profissional de se contaminar e ser um disseminador é grande, quando vivemos uma realidade em que muitas vezes para se ter um uniforme ou até mesmo uma caneta para trabalhar é difícil. Vivemos uma situação em que estamos sofrendo perdas dos direitos conquistados por todos os lados, a realidade dos ACSs de Pelotas não é diferente de outros lugares do Brasil, porém perdemos nosso incentivo financeiro Estadual, a nível governo federal perdemos com o corte dos gastos das políticas públicas essenciais com a EC 95 que congela por 20 anos os repasses principalmente para a saúde, impactando diretamente no trabalho do ACS, e de todos os demais profissionais principalmente da atenção básica, da Estratégia Saúde da Família política em que o ACS está incluído.

  A prefeita de Pelotas desde Março em seu primeiro decreto, onde limitava o fluxo de pessoas em locais, orientava para o isolamento, cancelou aulas e fechou comércio até o decreto de 23 de abril que afrouxou as medidas, reabrindo comércios que não eram essenciais tivemos um aumento significativo do números de contaminados, além de um estudo feito pela Universidade Federal de Pelotas que trouxe dados onde pode haver um número muito maior de contaminados.   As regras para testes somente em pacientes graves, o retorno das aglomerações cada vez mais trouxe o sentimento de incerteza aos profissionais de saúde, principalmente aqueles que estão em linha de frente.   Como saber quem está contaminado ou não se não se pode testar todos?

Várias questões traz dúvidas e incertezas.

 O Coronavirus trouxe incertezas que nem os países de primeiro mundo, os sistemas de saúde mais equipados conseguiram lidar. O vírus nos mostrou que a humanidade tem muito a evoluir e mais uma vez mostrou que a saúde preventiva é tão fundamental quanto o cuidado. Que somos capazes de enfrentar isso prevenindo, se isolando, usando máscaras, lavando as mãos e mais uma vez mostra o quanto é importante o trabalhado do ACS, que exige nada mais que a valorização, ser visto como o profissional da SAÚDE responsável pela prevenção e identificação de possíveis casos, basta nosso gestor se conscientizar e tratar com a dignidade que o profissional merece, dando EPIs necessário, se preocupando em testar, em atender as demandas da categoria, em valorizar financeiramente, e dar condições apropriadas de trabalho, reconhecendo com um profissional de extrema importância não só para o enfrentamento da COVID19, mas também no enfrentamento diário das condições de saúde.  
    Luana Rejane Almeida Farias

Fontes:
¹https://pebmed.com.br/coronavirus-isolamento-social-em-tempos-de-pandemia/
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:covid19&Itemid=875
https://www.ladoaladopelavida.org.br/detalhe-noticia-ser-informacao/oms-perguntas-e-respostas-sobre-o-coronavirus


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